Peru (4) – Nasca

Saindo pela tarde de Paracas, continuamos a peregrinação em território peruano pela Cruz del Sur (a companhia de ônibus, lembra?) com destino à cidade de Nasca. A viagem nem demorou muito, estávamos cansados, morrendo de sono e quando percebemos já tínhamos chegado a mais uma cidade do desértico litoral da região.

Não sei como, mas dentre as centenas de fotos da viagem, não achei nenhuma da cidade mesmo. Da Plaza de Armas onde ficam os principais restaurantes, hostels etc. Nasca não é bem uma cidade bonita, quer dizer, as ruas estavam muito mal cuidadas, uma das avenidas principais era poeira pura e o alérgico que vos fala não curtiu muito essa parte. Mas ainda assim, a praça é muito charmosa e tudo remete aos desenhos das famosas linhas feitas há centenas de anos ao redor da região. Acima, uma foto do restaurante que visitei algumas vezes pra comer o delicioso chincharrón! Esse prato aí foi um erro, haha, pensamos que seria praticamente um churrasco e quando vimos… bem, as caras condenam.

A principal atração, sobrevoar as linhas de Nasca, requer uma ida ao pequeno aeroporto da cidade. Na verdade, acho que a única pista é apenas para aviões de pequeno porte, como nesse em que voamos, de uns 8 lugares (incluindo piloto e co-piloto). Dá pra ver tudo que acontece, o piloto conversando com a torre, a operação pra levantar vôo e tal, é bem legal. Quer dizer, quem tem um pouco de medo não vai gostar muito por que parece uma caixinha voando de tão apertado e dá pra sentir o menor movimento – qualquer que seja.

Depois de alguns minutos de vôo, já é possível perceber a genialidade do povo que vivia na região. As primeiras linhas aparecem e é MUITO emocionante. Infelizmente, como é um passeio muito curto (e caro, perto de 120 dólares) o roteiro já é pré-estabelecido e um viajante mais atento vai perceber que algumas imagens menores e outras linhas não são contempladas. Ainda assim, vários desenhos são nitidamente visíveis com o do astronauta, do macaco, do condor, entre outros.

Outra coisa chata: se você fica facilmente enjoado vai simplesmente colocar tudo pra fora (portanto, evite tomar um café realmente reforçado antes do passeio). Para que os passageiros possam ver exatamente de que desenho o piloto fala e sobrevoa, ele inclina o avião (MESMO) e aponta a asa para dar um tempo de apreciar e tirar fotos. Chega a ser divertido a loucura de tentar ver o desenho, arrumar o zoom, tirar foto, ver de novo, novamente arrumar o zoom da máquina e tirar dezenas de fotos da mesma linha pra tentar algo que valha à pena.

Um abraço pra Raquel que visitou a enfermaria do aeroporto, hehehe… brincadeira à parte, Nasca ainda tinha mais passeios interessantes! Nosso guia, Marquito, nos levou para conhecer um sítio arqueológico em que várias pirâmides e templos estão sendo escavados e descobertos no meio do deserto de Nasca. É impressionante o tamanho do lugar e o tanto que ainda falta ser analisado por arqueólogos e historiadores que infelizmente não podem manter a pesquisa o ano todo por falta de recursos financeiros.

Para chegar às escavações, que ainda não estão completamente abertas ao público, fizemos um off-road que só quem realmente conhece a região poderia fazer. Andamos literalmente no meio do deserto durante uns bons 20 minutos até chegar ao local, que fica dentro de uma fazenda ou algo assim. De lá seguimos para outras construções fantásticas: os aquedutos. Foi muito impressionante ver como os caras sacavam a questão do terreno, do clima etc. Eram exímios engenheiros hidráulicos e conseguiam abastecer toda a região com água para tudo que fosse necessário. As construções continuam de pé, lado-a-lado com fazendas da região que permitem a entrada se você estiver com um guia (que já devia ter arranjado tudo) ou pagando alguma quantia que a gente não soube quanto era.

Esse é um dos pontos mais fundos que a gente viu. pra ter noção do quão profundo ele era, ficamos três de nós em pé ao longo do caminho que leva à passagem da água. São vários tamanhos que permitem a inclinação da construção para que a água possa correr livremente e chegar aonde é previsto – simplesmente genial! Dá pra perceber pela foto alguns outros pontos do aqueduto, onde parece haver buracos com pedras em volta, isso forma o caminho por onde passa a água até chegar nas plantações. Saindo do aqueduto, Marquito nos levou para conhecer a família que cuida da restauração de peças originais dos museus do país. O trabalho é todo manual e usa instrumentos típicos, muito legal.

Por fim, seguimos para conhecer como era (e ainda é, de certa forma) extraído o ouro e a prata da região. Conhecemos um antigo minerador que fez de sua casa um museu aberto, loja (a gente queria levar tudo, hahaha) e mini-mina de extração e processamento. Valeu à pena demais, deu pra conhecer bastante da cultura local no passeio, além da história da região e do povo que lá morava. Nasca é simplesmente imperdível.

E de lá, nos arrumamos para o principal destino: Cusco! A cidade mais fascinante que já conheci… em breve! :D

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